terça-feira, 23 de abril de 2019

O BRASIL DE BOLSONARO: O COROLÁRIO NECESSÁRIO

As eleições presidenciais de 2018 no Brasil apresentaram como vencedor um integrante do “baixo clero” da Câmara dos Deputados. Um homem que sempre vociferou a favor dos militares e contra a bandidagem.
Vários analistas de políticas achavam risível o senhor Bolsonaro postular a Presidência da República! Conquistá-la, então, seria algo impossível.  O leitor pode pensar: o que levava os analistas a essa visão de mundo? Ora, em política sempre se baseia os resultados eleitorais dentro de um “modus operandi” tradicional vigente! Numa palavra, popularidade, dinheiro para campanha política, aliança com vários partidos políticos visando maior tempo no horário eleitoral gratuito e apoio da mídia...
Jair Messias Bolsonaro tinha somente popularidade devido a sua atuação direta nos assuntos de segurança pública, defesa dos militares e defesa da polícia militar. Ou seja, Um discurso capenga na visão dos analistas de plantão.
Como então Jair Bolsonaro quase se elege no primeiro turno das eleições e, posteriormente, vence com folga no segundo turno? Bem, aí entra a perspicácia de Jair Bolsonaro. Ele soube, como ninguém, tirar proveito das mazelas deixadas pelos governos anteriores. Com um discurso baseado na ordem, ele derreteu o discurso politicamente correto da moribunda esquerda no Brasil. Como um xerife, ele propôs reverter o estado de permissividade moral patrocinados pelas alas que se dizem socialistas. Como boa parte da população brasileira estava cansada pela forma de governo da esquerda, Bolsonaro passou a ser o antagonista preferido para assumir o Planalto.
Embora não acreditassem na possibilidade da eleição de Bolsonaro, partes da ala esquerdista, a grande mídia e concorrentes nas eleições presidenciais, começaram a intensificar os ataques ao candidato quando perceberam que ele tinha real chance de se eleger.
O Grupo Folha/UOL fez durante a campanha e faz até a presente data cerrada campanha contra Bolsonaro. As razões desta campanha contra Bolsonaro são estranha. Essa empresa sempre teve uma atuação republicana no que concerne a cobertura jornalística. Parece que há algo inconfessável nesse reino.
O Grupo Globo também agiu da mesma forma. Só que nesse caso, a razão primordial é pela própria sobrevivência, vez que Bolsonaro sempre se opôs a forma de atuação dessa empresa.
Em relação aos presidenciáveis, o candidato Geraldo Alkmin disse que Bolsonaro, caso chegasse ao segundo das eleições presidenciais, seria o caminho certo para a vitória do PT. Era um candidato sem nenhuma chance de vitória no segundo turno. Alkmin, embora seja um expert em eleições no Estado de São Paulo, perdeu duas vezes para a prefeitura de São Paulo e havia sido derrotado em 2006 por Lula naquelas eleições presidenciais. Em 2018, com a disputa mais fragmentada, Alkmin fez uma grande aliança partidária, visando dar-lhe preciosos tempos na propaganda política gratuita na TV. Em vão. A raposa política não leu o momento histórico e político do país. Ficara presa às concepções mais tradicionais de se fazer política. A derrota foi acachapante com menos de cinco por centos dos votos.
A ala lulopetista apostou em Haddad para presidente e teve o resultado, no primeiro turno das eleições, que Lula teria se fosse o candidato a presidente: cerca de 30 por cento dos votos.
A vitória de Bolsonaro representou a falência de um modelo de concepção de Estado como uma panaceia para a sociedade! Afinal, o Estado provedor é finito ou infinito? Para aqueles que professam o Estado provedor, há uma fonte inesgotável de recursos. Ao Estado, cabe prover todas as necessidades básicas da sociedade. Só que para tornar essa concepção Estado hegemônica na sociedade, os protagonistas fazem um pacto com o demônio: vale tudo: ser pai dos pobres e mãe dos ricos e, ainda, fazer uma “caixinha” gorda visando aos mecanismos políticos extras institucionais. Tudo isso à custa do erário público.
Na situação acima, um cidadão autodenominado de esquerda, que seja mais sóbrio, pode questionar: e se a corrupção vier à tona? Lula e sua turma, certamente, teriam a resposta: politizar a corrupção e os dramas decorrentes das irresponsabilidades fiscais. A politização de desmandos governamentais dá-se da seguinte maneira: o governante X, acusado de corrupção e irresponsabilidade, diz que está sofrendo perseguição política da oposição; que as denúncias são vazias e que não querem que ele continue a fazer o que mais gosta: o bem comum. Como em política há sempre a possibilidade de tergiversação de uma realidade, está feito o prato: o corrupto vai ganhando tempo no poder ou, caso esteja fora, para a sua reconquista.
Esse mecanismo da politização dos desmandos governamentais não vale só para o PT. Ele é recorrente para todas as alas políticas. Contudo, Lula utilizou-se desse mecanismo de apoiado em sua popularidade. Para o bem do Brasil, em vão! Os 25 ou 30 por centos de lulistas tem motivos variados para bater palmas para Lula. A politização dos desmandos petistas contribuiu muito para segurar parte do eleitorado lulista
Antevendo a derrota, os lulistas partiram para o confronto entre a defesa da democracia contra um suposto autoritarismo de Bolsonaro. Ora, esse discurso deve ter dado alguns votos para o PT. Porém, ao PT, PCdoB, PSOL... falta discurso para defender a democracia: eles sempre propugnaram a defesa da ditadura do proletariado. Para eles, a democracia existente é burguesa.
O que Bolsonaro fez foi crescer em meio aos desmandos petistas. Enfim, apesar da capilaridade do PT nas instituições públicas ter sido intensificada com cargos e sinecuras durante os governos petistas, Bolsonaro percebeu que a linha direta com o eleitorado quebraria o discurso organizado daquelas instituições.
O que há de novo? Ora, essa forma de se fazer política pode-se dar o nome que quiser. Contudo, é uma grande novidade. Para alguns, é populismo de direita. Mas o PT fez populismo de esquerda da mesma forma durante mais de uma década no poder. Bolsonaro estabeleceu uma linha direta com a população. Isso é perigoso? É. No entanto, o caldo cultural no Brasil nos últimos 30 anos tem permitido esse tipo de coisa. O problema não é só de Lula e Bolsonaro, é de uma cultura caudilhesca latino americana. Uma pena! Fernando Henrique Cardoso foi uma exceção ao caudilhismo nos últimos anos. Entretanto, o caldo cultural propugnado por FHC não fez verão.
A vitória de Jair Messias Bolsonaro foi uma manifestação antissistema. Se Lula teve três derrotas presidenciais até articular com a elite e vencer as eleições, Bolsonaro venceu na primeira eleição presidencial que disputou.
Os eleitores de Bolsonaro chamam-no de mito, algo que incomoda a oposição. Se se considera mito algo que está além do razoável, Bolsonaro insere-se nesse contexto: foi deputado com pouca atuação parlamentar; não fez coligações partidárias nas eleições presidenciais; enfrentou a mídia, leia-se Grupo Folha/UOL, Grupo Globo, Estadão, Revista Veja; tinha pouco tempo na propaganda política gratuita na TV; teve poucos recursos financeiros... Então, ele realmente fez jus ao codinome mito.
Finalizando, a tarefa de fortalecermos as instituições sociais perpassa pelo engajamento num discurso menos dicotômico e mais plural. Coisa difícil nestes tempos de polarização. Bolsonaro, até agora, tem demonstrado que não tem esse perfil. Contudo, ao derrotar o PT nas eleições presidenciais, Bolsonaro colocou fim a um projeto corrupto, demagógico, irresponsável de governo que tinha como meta ficar uns 30 anos no poder. Só por isso, Bolsonaro já fez muito. Se fizer um governo razoável durante os quatro anos de mandato, impedirá com folga a volta do nefasto projeto criminoso de poder corporificado no PT.

Borda da Mata/MG, 24/04/19

Luiz Fernando da Silva