As eleições presidenciais de 2018
no Brasil apresentaram como vencedor um integrante do “baixo clero” da Câmara
dos Deputados. Um homem que sempre vociferou a favor dos militares e contra a
bandidagem.
Vários analistas de políticas
achavam risível o senhor Bolsonaro postular a Presidência da República! Conquistá-la,
então, seria algo impossível. O leitor
pode pensar: o que levava os analistas a essa visão de mundo? Ora, em política
sempre se baseia os resultados eleitorais dentro de um “modus operandi”
tradicional vigente! Numa palavra, popularidade, dinheiro para campanha
política, aliança com vários partidos políticos visando maior tempo no horário
eleitoral gratuito e apoio da mídia...
Jair Messias Bolsonaro tinha
somente popularidade devido a sua atuação direta nos assuntos de segurança
pública, defesa dos militares e defesa da polícia militar. Ou seja, Um discurso
capenga na visão dos analistas de plantão.
Como então Jair Bolsonaro quase
se elege no primeiro turno das eleições e, posteriormente, vence com folga no
segundo turno? Bem, aí entra a perspicácia de Jair Bolsonaro. Ele soube, como
ninguém, tirar proveito das mazelas deixadas pelos governos anteriores. Com um
discurso baseado na ordem, ele derreteu o discurso politicamente correto da
moribunda esquerda no Brasil. Como um xerife, ele propôs reverter o estado de
permissividade moral patrocinados pelas alas que se dizem socialistas. Como boa
parte da população brasileira estava cansada pela forma de governo da esquerda,
Bolsonaro passou a ser o antagonista preferido para assumir o Planalto.
Embora não acreditassem na
possibilidade da eleição de Bolsonaro, partes da ala esquerdista, a grande
mídia e concorrentes nas eleições presidenciais, começaram a intensificar os
ataques ao candidato quando perceberam que ele tinha real chance de se eleger.
O Grupo Folha/UOL fez durante a
campanha e faz até a presente data cerrada campanha contra Bolsonaro. As razões
desta campanha contra Bolsonaro são estranha. Essa empresa sempre teve uma
atuação republicana no que concerne a cobertura jornalística. Parece que há
algo inconfessável nesse reino.
O Grupo Globo também agiu da
mesma forma. Só que nesse caso, a razão primordial é pela própria
sobrevivência, vez que Bolsonaro sempre se opôs a forma de atuação dessa
empresa.
Em relação aos presidenciáveis, o
candidato Geraldo Alkmin disse que Bolsonaro, caso chegasse ao segundo das
eleições presidenciais, seria o caminho certo para a vitória do PT. Era um
candidato sem nenhuma chance de vitória no segundo turno. Alkmin, embora seja
um expert em eleições no Estado de São Paulo, perdeu duas vezes para a
prefeitura de São Paulo e havia sido derrotado em 2006 por Lula naquelas
eleições presidenciais. Em 2018, com a disputa mais fragmentada, Alkmin fez uma
grande aliança partidária, visando dar-lhe preciosos tempos na propaganda
política gratuita na TV. Em vão. A raposa política não leu o momento histórico e
político do país. Ficara presa às concepções mais tradicionais de se fazer política.
A derrota foi acachapante com menos de cinco por centos dos votos.
A ala lulopetista apostou em
Haddad para presidente e teve o resultado, no primeiro turno das eleições, que
Lula teria se fosse o candidato a presidente: cerca de 30 por cento dos votos.
A vitória de Bolsonaro
representou a falência de um modelo de concepção de Estado como uma panaceia
para a sociedade! Afinal, o Estado provedor é finito ou infinito? Para aqueles
que professam o Estado provedor, há uma fonte inesgotável de recursos. Ao
Estado, cabe prover todas as necessidades básicas da sociedade. Só que para
tornar essa concepção Estado hegemônica na sociedade, os protagonistas fazem um
pacto com o demônio: vale tudo: ser pai dos pobres e mãe dos ricos e, ainda,
fazer uma “caixinha” gorda visando aos mecanismos políticos extras
institucionais. Tudo isso à custa do erário público.
Na situação acima, um cidadão
autodenominado de esquerda, que seja mais sóbrio, pode questionar: e se a
corrupção vier à tona? Lula e sua turma, certamente, teriam a resposta:
politizar a corrupção e os dramas decorrentes das irresponsabilidades fiscais.
A politização de desmandos governamentais dá-se da seguinte maneira: o
governante X, acusado de corrupção e irresponsabilidade, diz que está sofrendo
perseguição política da oposição; que as denúncias são vazias e que não querem
que ele continue a fazer o que mais gosta: o bem comum. Como em política há
sempre a possibilidade de tergiversação de uma realidade, está feito o prato: o
corrupto vai ganhando tempo no poder ou, caso esteja fora, para a sua
reconquista.
Esse mecanismo da politização dos
desmandos governamentais não vale só para o PT. Ele é recorrente para todas as
alas políticas. Contudo, Lula utilizou-se desse mecanismo de apoiado em sua
popularidade. Para o bem do Brasil, em vão! Os 25 ou 30 por centos de lulistas
tem motivos variados para bater palmas para Lula. A politização dos desmandos
petistas contribuiu muito para segurar parte do eleitorado lulista
Antevendo a derrota, os lulistas
partiram para o confronto entre a defesa da democracia contra um suposto autoritarismo
de Bolsonaro. Ora, esse discurso deve ter dado alguns votos para o PT. Porém,
ao PT, PCdoB, PSOL... falta discurso para defender a democracia: eles sempre
propugnaram a defesa da ditadura do proletariado. Para eles, a democracia
existente é burguesa.
O que Bolsonaro fez foi crescer
em meio aos desmandos petistas. Enfim, apesar da capilaridade do PT nas
instituições públicas ter sido intensificada com cargos e sinecuras durante os
governos petistas, Bolsonaro percebeu que a linha direta com o eleitorado quebraria
o discurso organizado daquelas instituições.
O que há de novo? Ora, essa forma
de se fazer política pode-se dar o nome que quiser. Contudo, é uma grande
novidade. Para alguns, é populismo de direita. Mas o PT fez populismo de
esquerda da mesma forma durante mais de uma década no poder. Bolsonaro
estabeleceu uma linha direta com a população. Isso é perigoso? É. No entanto, o
caldo cultural no Brasil nos últimos 30 anos tem permitido esse tipo de coisa.
O problema não é só de Lula e Bolsonaro, é de uma cultura caudilhesca latino
americana. Uma pena! Fernando Henrique Cardoso foi uma exceção ao caudilhismo
nos últimos anos. Entretanto, o caldo cultural propugnado por FHC não fez
verão.
A vitória de Jair Messias
Bolsonaro foi uma manifestação antissistema. Se Lula teve três derrotas presidenciais
até articular com a elite e vencer as eleições, Bolsonaro venceu na primeira eleição
presidencial que disputou.
Os eleitores de Bolsonaro chamam-no
de mito, algo que incomoda a oposição. Se se considera mito algo que está além
do razoável, Bolsonaro insere-se nesse contexto: foi deputado com pouca atuação
parlamentar; não fez coligações partidárias nas eleições presidenciais;
enfrentou a mídia, leia-se Grupo Folha/UOL, Grupo Globo, Estadão, Revista Veja;
tinha pouco tempo na propaganda política gratuita na TV; teve poucos recursos
financeiros... Então, ele realmente fez jus ao codinome mito.
Finalizando, a tarefa de fortalecermos
as instituições sociais perpassa pelo engajamento num discurso menos dicotômico
e mais plural. Coisa difícil nestes tempos de polarização. Bolsonaro, até
agora, tem demonstrado que não tem esse perfil. Contudo, ao derrotar o PT nas
eleições presidenciais, Bolsonaro colocou fim a um projeto corrupto,
demagógico, irresponsável de governo que tinha como meta ficar uns 30 anos no
poder. Só por isso, Bolsonaro já fez muito. Se fizer um governo razoável durante
os quatro anos de mandato, impedirá com folga a volta do nefasto projeto
criminoso de poder corporificado no PT.
Borda da Mata/MG, 24/04/19
Luiz Fernando da
Silva