quarta-feira, 23 de outubro de 2013

BANCOS FUNDADOS EM ITAJUBÁ/MG E EM SANTA RITA DO SAPUCAÍ/MG

Banco de Itajubá - Atualmente Banco Santander - 17-11-2013








Houve um tempo em que o Sul de Minas rivalizava com os grandes centros urbanos, notadamente as capitais dos Estados do centro-sul, no âmbito financeiro. Como exemplo e só para ficar aqui no extremo Sul de Minas, a característica marcante dessa pujança foi a fundação do Banco de Itajubá, em 1912, na cidade de Itajubá/MG e do Banco Santarritense, em 1914, na cidade de Santa Rita do Sapucaí/MG.

Os ilustres fundadores foram respectivamente o ex-presidente Wenceslau Braz Pereira Gomes, natural de Brazópolis/MG e Francisco Moreira da Costa, irmão do ex-presidente Delfim Moreira da Costa. Pessoas visionárias para a época.

Ambos os Bancos foram encampados pelo Banco da Lavoura: o Banco Santarritense em 1927 e o Banco de Itajubá em 1957. 
O Banco da Lavoura foi encampado pelo Banco Real nos anos 70 do século passado.
Já a história do Banco Santarritense parece-me mais rica. Nas palavras de seu neto, Sr. Francisco Moreira da Costa Neto, em entrevista ao Jornal Empório de Notícias da cidade de Santa Rita do Sapucaí, de 06/02/2012: “Meu avô fundou o Banco Santarritense no ano de 1914, em sociedade com o Cel. Joaquim Inácio. Era um Banco pequeno e tinha filiais em Pouso Alegre, Itajubá, São Lourenço e outras cidades. Ao todo, eram mais ou menos doze agências.

Em 1927, meu avô foi a Belo Horizonte e conheceu o Senhor Clemente Faria, dono de um outro Banco, mais ou menos com as mesmas características do dele e eles resolveram se associar. Desde então, com esta fusão suas agências passaram a se chamar Banco da Lavoura de Minas Gerais.

Apesar dessa sociedade, talvez por um pouco de bairrismo de sua parte, meu avô convencionou que as agências em torno de Santa Rita continuassem se chamando Banco Santarritense, por um período de 10 anos – até 1937.

No Banco da Lavoura, meu avô ficou muito amigo do Magalhães Pinto (Que mais tarde se tornou governador do Estado). Ele não era rico nem nada, mas era um funcionário muito qualificado. Aos 21 anos, ele já havia se tornado gerente, o que era muito raro para a época. Desde então, passou a ser um homem de sua confiança em Belo Horizonte.

Em 1943, estávamos entrando na ditadura e houve o Manifesto dos Mineiros. Nisso, meu avô, apesar de grande acionista, foi obrigado a deixar a presidência do Banco, já que seu partido era contra o governo. No ano seguinte, ele e Magalhães resolveram criar um novo Banco: o Banco Nacional de Minas Gerais. Enquanto ele controlava a região, Magalhães Pinto comandava em torno de Belo Horizonte. A agência número 1 foi aqui em Santa Rita e Francisco Moreira foi o presidente até morrer, em 1957”. (grifo meu).
No final dos anos 70, o Banco Nacional de Minas Gerais passa a se chamar somente Banco Nacional S/A. No ano de 1994, o Banco Nacional S/A era o quinto banco brasileiro no ranking por ativos financeiros, atrás apenas do Banco do Brasil, do Bradesco, do Banco Itaú e do Banco Bamerindus. 
Em 1995, o Banco Nacional S/A sofre intervenção do Banco Central e parte dele é encampada pelo Unibanco, que também foi fundado no Sul de Minas, mais precisamente na cidade de Poços de Caldas, em 1924.  Acaba-se, assim, a saga itajubense e santarritense na área financeira!
No final do ano de 2008, o Unibanco também foi encampado pelo Banco Itaú S/A.



Luiz Fernando da Silva

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

FOTO ANTIGA DO CINQUENTENÁRIO DE BRAZÓPOLIS/MG



Há tempos venho observando a exposição de fotos antigas de várias cidades no Facebook e nos diversos Blogs. A iniciativa é muito interessante do ponto de vista de nossa memória. Contudo, tenho também observado a ausência de legendas e, na maioria dos casos, de análises situacionais referentes às referidas fotos. É claro que, para tanto, há a necessidade de conhecimentos relativos às referidas postagens. Há, em alguns casos, a simples exposição de fotos antigas sem legendas e análises situacionais com a intenção de provocar o debate entre os participantes e visitantes de um dado Blog acerca delas. Algo que também é criativo.

Contudo, vejo que uma foto deslocada de contexto e sem legenda é como um objeto arqueológico extraído de um dado lugar e colocado em cima de uma mesa numa sala de estar. Pode ser bonita, interessante, exótica... mas falta-lhe substrato para envernizar a sua importância real.

Partindo dessa constatação e com a sugestão do colaborador e amigo João Paulo Braga Floriano, resolvi postar também, em meu Blog, fotos históricas, pitorescas e da atualidade, acompanhadas de legendas e análises sócio-histórica-político-econômica.

Luiz Fernando da Silva




 o ano  de 1952, registrado na foto, talvez seja um equívoco meu ao colocar a legenda nela ou,  mesmo,  do CPDOC da FGV.




Corria o ano de 1951. Brazópolis estava no auge de seu desenvolvimento sócio-econômico. Grande produtora de café, tinha ferrovia e uma rodovia em vias de ser inaugurada. O bairro da Beira da Linha era a Meca do desenvolvimento na cidade. Tinha posto de gasolina, grandes armazéns de café, lojas de equipamentos agrícolas, etc. e tal. A importância daquela região era tanta que a Igreja da Matriz fora construída voltada para lá. Havia, ainda, a Igreja do Rosário, construída no local onde hoje é estacionamento, ao lado da Prefeitura Municipal.
Para ilustrar tanto desenvolvimento, o Governador JK e ilustres próceres, dentre eles, o ex-presidente da República, Wenceslau Braz Pereira Gomes, estavam presentes na solenidade do cinquentenário da aprazível cidade de Brazópolis.
Corria o ano de 2001, cinquenta anos depois, no centenário da querida Brazópolis, ocasião em que eu estava presente no governo municipal como Secretário de Saúde, já não havia tantos próceres assim. Razão do tempo. Coisas indeléveis numa cidade que não aproveitou o bonde da história para se firmar regionalmente. Avante Brazópolis!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A MÍDIA NINJA ENTRE DEUS E O CAPETA



No recente Movimento de Manifestação das Ruas no Brasil, houve, entre outras coisas, uma novidade em interatividade coordenada de comunicação: tratava-se das NARRATIVAS INDEPENDENTES, JORNALISMO E AÇÃO – NINJA ou MÍDIA NINJA.
Quando me deparei pela primeira vez com o termo NINJA no Movimento das Ruas, lembrei-me dos agentes secretos do feudalismo japonês. E o pitoresco da situação é que o referido termo, utilizado pelos ativistas, veio mesmo a calhar como agente de comunicação num universo cheio de adversidade à iniciativa independente de informação.
A grande imprensa tentou desqualificar os militantes do NINJA por todos os meios. Afinal, ela estava quase banida, pelos manifestantes, da cobertura do Movimento das Ruas.
Mas como um grupo de jovens ousou enfrentar a polícia para fazer a cobertura jornalística das Manifestações em tempo real? A tamanha audácia foi a própria falta de informação sobre o Movimento que passou a existir após o repúdio aos jornalistas da grande imprensa. Havia um vácuo de informação no calor das Manifestações. Havia também necessidade de apoio da sociedade aos Manifestantes. Como na grande imprensa há toda uma filtragem da informação antes de chegar ao público, ela foi repudiada. Outro fator de desgaste dela foi o histórico de comprometimento com quem está no poder político e também com as grandes empresas privadas. Numa palavra, com os agentes financiadores da própria imprensa.
Diante da descrença dos manifestantes de Rua ante a grande imprensa, a Mídia NINJA foi a grande novidade. O famoso teórico canadense em comunicação, Herbert Marshall Mcluhan, cunhou o termo: “o meio é a mensagem”. Para ele, o veículo de informação é tão importante quanto a própria mensagem. Nesse sentido, o “meio”, a grande imprensa, é um canal contaminado por interesses escusos às Manifestações das Ruas.
Para efeito de ilustração, os adeptos do atual governo central chamam a grande imprensa brasileira de Partido da Imprensa Golpista – PIG. A meu ver, esse raciocínio é próprio de que tem visão canhestra de mundo. Noutras palavras, a grande imprensa sempre é mais a favor do que contra o governo de plantão. Alguém tem dúvidas quanto ao rumo das milionárias campanhas de publicidades dos governos? Estendendo mais o assunto, o Partido dos Trabalhadores só cresceu porque a grande imprensa lhe deu destaque. Ou os militantes que chamam a grande imprensa de PIG acham que foi obra do divino Espírito Santo a universalização da campanha do PT rumo ao poder? Para os militantes adeptos do governo central, tudo que é noticiado contra esse governo é golpe; já o que vem a favor, é capitalizado nas redes sociais como testemunho de competência. Um estranho mundo de dois pesos e duas medidas. Há outra forma também muito utilizada por esses militantes: todos que são contra a grande imprensa golpista, são automaticamente aliados. Para eles, o inimigo do inimigo é, por consequência, amigo. 
O avanço da Mídia NINJA, então, como canal de comunicação, praticamente oficial, das Manifestações das Ruas, foi um “meio” que transformou a mensagem que chegava aos lares brasileiros. Não havia ilha de edição para a cosmética da informação, como acontece na grande imprensa. Não havia necessidade disso. A informação era bruta. Era mediada apenas pelos equipamentos eletrônicos que, comparados aos da grande imprensa, eram rudimentares. Dessa maneira, o que se perdia em qualidade da informação pela precariedade dos equipamentos, ganhava-se pela rapidez e fidedignidade aos fatos ocorridos. Era uma linha direta entre o fato e a informação. Esse barulho todo deixou aturdida a grande imprensa. Afinal, tudo que era informado e maquiado por ela tinha sabor de “requentando”. Havia uma novidade no ar: destemidas pessoas se propunham a uma nova forma de trabalhar a informação. Lá pelas tantas, até a poderosa Rede Globo rendeu-se a pujança informativa da Mídia NINJA, noticiando a prisão de um rapaz pela polícia carioca tal qual filmado pelos ativistas.
A bem da verdade, a Mídia NINJA já existia desde 2011. Mas como canal de informação de um grande movimento, como o deste ano, ela estava praticamente no debute.
Para alguns analistas de comunicação, a Mídia NINJA pode ser algo que venha arejar a combalida e tendenciosa grande imprensa. Um jornalismo ativista que não encontra paralelo. Para outros, ela pode ser um “fogo de palha”. Como não tem estrutura econômica que a sustente, poderá ser engolida pela grande imprensa. Para um dos criadores dela, Bruno Torturra, a Mídia NINJA já está trabalhando uma forma de arrecadar fundos para se sustentar enquanto alternativa de imprensa. Ora, esses fundos não podem vir das empresas e nem dos governos, senão o destino dela será o mesmo da grande imprensa.
Herbert Mcluhan foi genial ao captar, ainda nos anos 60, aspectos da aldeia global em comunicação que se tornariam rotinas 50 anos depois: “Nessa aldeia a fronteira é eletrônica, o que está distante dessa conexão fica à margem do “subúrbio global”. Mcluhan defende a ideia que a imprensa retirou o ser humano do sentimento de tribo, o colocando numa leitura individual e distante dos fatos; por outro lado, a mídia eletrônica “retribalizou” o ser humano, colocando-o como receptor instantâneo de fatos recém-ocorridos”.
Com a Mídia NINJA, a população ganhou com a informação instantânea dos fatos. Contudo, esses ativistas terão agora que descobrirem formas de sobreviverem como polo alternativo de informação social. Para o bem ou para o mal, essa novidade informativa colocou em cheque a empoeirada grande imprensa nacional.
LUIZ FERNANDO DA SILVA