domingo, 26 de abril de 2020

BRASIL: UMA CRISE DENTRO DA CRISE



O Brasil parecia estar entrando no eixo do crescimento econômico após árdua reforma da previdência no primeiro ano de governo do presidente Jair Bolsonaro. Os atores sociais contrários ao governo central estavam perdendo terreno, apesar de suas ferrenhas oposições políticas disseminadas por todos os meios possíveis.
O ano de 2020 prometia uma decolagem da economia e, por consequência, paz para a governança do presidente Jair Bolsonaro. Todavia, “tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”, como dizia o poeta. E essa “pedra” gigantesca no caminho tinha o nome de COVID-19 ou popularmente Coronavírus. Um fenômeno que tem causado uma hecatombe na ordem mundial. Um vírus polêmico em sua origem, mas vindo da China, cuja criação pode ter sido natural ou em laboratório. Discute-se, ainda, se não faz parte de uma conspiração chinesa contra o resto do mundo. Abstraindo-se da polêmica, a verdade é que o estrago na ordem mundial está feito. Milhares de mortes em decorrência do Coronavírus, retração na economia mundial, mudanças de parceiros econômicos e, em síntese, perplexidade total ante ao problema do COVID-19. Para os estudiosos da geopolítica na história recente, um problema dessa dimensão só tem paralelo com a Gripe Espanhola de 1918 e as Guerras Mundiais de 1914 e 1939.
Aqui no Brasil, os opositores do governo central viram nessa crise a possibilidade de “defenestrar” o presidente Jair Bolsonaro do Palácio do Planalto. Em que pese o trabalho do governo central contra o COVID-19, a oposição política unida aos “descamisados” que perderam patrocínios, sinecuras e acordos politiqueiros, estão fazendo de tudo para que a crise de saúde vire uma crise de governo. A política brasileira virou um “salve-se quem puder”. Coisa típica ainda de republiqueta.
Para a oposição valeu a máxima de quanto pior, melhor. Coisa típica de mercenários da política onde os fins sempre justificarão os meios.
Nesse ambiente mediado pelo terror, os governadores e prefeitos passaram a reproduzi-lo na prática o discurso. Para esses governantes, a possibilidade de morte em decorrência do Coronavírus passou a ser algo a ser evitado a todo custo, sob pena de inviabilizar o mandato em curso. Um incidente dessa natureza poderia causar a falência do projeto político deles, bem como serem acusados até criminalmente de responsáveis por mortes advindas do COVID-19.
Nesse ambiente de quase anomia, a primeira vítima foi e tem sido a verdade. A população foi tomada pela histeria em decorrência do permanente bombardeio de notícias aterrorizantes sobre a expansão do Coronavírus.
O Congresso Nacional tem sinalizado que está contra o governo Bolsonaro. A mídia, capitaneada pelo Grupo Globo e Grupo Folha, com interesses diversos, tem tentado de todas as maneiras possíveis desgastar o governo central, principalmente em tempos de pandemia do COVID-19, seja suprimindo o que de positivo tem no governo, seja evidenciando as falhas...
Afinal, a quem interessa uma desestabilização do governo Bolsonaro em pouco mais de um ano da posse? Pelo andar da carruagem, aos setores que desejam o retorno das facilidades e negociatas advindas do Palácio do Planalto.
O presidente Bolsonaro, em que pese os adjetivos pesados usados contra a pessoa dele, tem governado dentro do figurino a que se propôs: governar em linha direta com os seus eleitores e população em geral. A essa forma de governar costuma-se adjetivar de populismo, fascismo, autoritarismo ou, em última análise, de uma nova forma de interagir com a população. Contudo, como na campanha presidencial o presidente Bolsonaro venceu caciques da política brasileira utilizando-se desse estratagema, fica difícil adjetivar objetivamente sua forma de governar de forma objetiva.
Os cânones tradicionais de análise de política, bem como os adeptos do Estado provedor estão apavorados com a atuação do governo Bolsonaro. Confesso que ele tem sido um iconoclasta no que concerne à sua governança: destrói impiedosamente a coisas que até então pareciam ser normais na política brasileira como financiamento de artistas, financiamento de TVs privadas, financiamento de governos estrangeiros...
Não bastasse tantas pedras no caminho do governo Central nessa pandemia do Coronavírus, o presidente Bolsonaro foi obrigado a exonerar o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta no dia 16/04/2020 devido à divergência na condução da saúde pública durante a pandemia. Nesse episódio, o governo Bolsonaro sofreu ataques até de aliados. Antes de cicatrizar a ferida da demissão de Mandetta, Bolsonaro demite, também, uma semana depois, o ministro da justiça, Sérgio Moro. O presidente alegou descompromisso de Moro com algumas bandeiras de governo. Moro saiu batendo em Bolsonaro, dizendo que o presidente queria interferir na Polícia Federal. A oposição pensa até em impeachment do Presidente.  Veio outra série de ataques de todos os lados. Teve até petista defendendo Moro. À oposição de forma geral, parece haver somente um ranço contra a pessoa do Presidente Bolsonaro. Foi contra a exoneração de Mandetta e de Ségio Moro. Para ela, de forma casuística, o governo é ruim, mas se exonerar alguém, esse alguém fica bom... Coisa estranha.
Governar é diminuir problemas, contudo o presidente Jair Bolsonaro não tem conseguido se adequar a esses ditames. Moro era um importante baluarte de sua administração e, portanto, o desgaste é bem grande ante a sua exoneração pelo presidente.
A oposição alega, entre outras coisas, que o presidente fica a defender seus filhos. Que eles atrapalham a administração do pai.
Não tenho procuração para defendê-los. Contudo, os filhos do presidente têm mandatos eletivos e podem falar à vontade. Se algum deles fez negociatas antes e durante o mandato, que paguem pelo delito. Não é necessário envolver o pai e nem serem protegidos pelo pai. Essa separação é crucial para uma forma republicana de atuação presidencial. O resto é maledicência e estratégia politiqueira para desgastar o Presidente da República.
Ante a todos os problemas enfrentados pelo presidente da República, principalmente nas trocas de ministros dos cargos mais importantes do governo e dos constantes ataques sofridos através das viúvas da forma de fazer políticas nos últimos trinta anos, o que sobra para os “vitoriosos”? A essa pergunta, embora bem vasta, sobra um país mais pobre, dividido e com um futuro incerto. Ora, teria que ser assim? Não necessariamente. Os ataques, via de regra, vem de setores contrariados com a forma de administrar do presidente Bolsonaro. Não se trata de críticas republicanas, preocupadas com o bem público. Estão preocupados com a desprivatização do ente público.
O presidente Jair Bolsonaro tem imposto, com sua idiossincrasia e estratégia política, um novo modus operandi de lidar com a governabilidade do país. A meu ver, erra em muitos pontos. Contudo, eu não tenho acesso às informações palacianas para entender melhor o processo de tomadas de decisões importantes do dia a dia da política administrativa. Assim, o governo central ao apostar na linha direta com o eleitor e brigar com todos ao mesmo tempo pode estar armando uma armadilha contra o seu próprio governo. Tradicionalmente não se briga com todos ao mesmo tempo. Entretanto, Bolsonaro parece não se preocupar com o desgaste advindo de sua atuação. Então, fica no ar se sua forma de governar está no âmbito da genialidade ou da tacanhez política!
A jovem democracia brasileira tem passado por provações muito fortes nos últimos 35 anos: passagem do militarismo para um governo civil em 1989; impeachment do presidente Fernando Collor em 1992; eleição de um homem oriundo do meio operário em 2002; crise do Mensalão em 2005; eleição de uma mulher para presidente da República em 2010; crise do Petrolão em 2015; impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Todos esses aspectos reforçam que o ambiente democrático no Brasil tem uma boa solidez. Contudo, há uma forte campanha pelos bolsonarista para o recrudescimento do governo central no sentido de implantar políticas de Estado de forma autoritária. A oposição fica eufórica com a forma de administrar do governo Bolsonaro: para ela, tudo está dentro do que sempre temeram ou predisseram: atrapalhadas e sinalização autoritária.
Como um estudioso da área, vejo que o Brasil é maior do que os anseios da oposição e das constantes sinalizações em formas de incógnitas do governo Bolsonaro. O presidente poderia atuar dentro de seu programa, mas sem municiar a oposição.
Nesse ambiente conturbado dos últimos dias, não se tem notícia de contemporização de Bolsonaro com a corrupção no seu governo: Regularizou a Petrobrás, que antes era um palco de corrupção; tem terminado obras de vias públicas com ajuda do Exército brasileiro... Assim, os constantes ataques da oposição tem, pelo menos, algo a favor de seu governo: não há denúncia de corrupção, algo tão costumeiro em todos os governos de nosso jovem país.
Tenho tido uma permanente dúvida entre a genialidade bolsonariana e a sua insólita atuação enquanto chefe de Estado e chefe de governo! Espero, para o bem do Brasil, que a segunda forma de atuar seja apenas um engendração da primeira. Alles Gute Brasil!!!


Luiz Fernando da Silva
26/04/2020



Um comentário:

  1. Boa noite tudo bem? Sou brasileiro e procuro novos seguidores para o meu blog. Eu também posso te seguir. Novos amigos também são bem vindos.

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